Era um moleiro muito pobre e que tinha muitos filhos. Vivia numa casa muito simples, muito humilde e era no tempo da miséria. E depois com tantos filhos ainda mais, maior era a miséria. E tinha um vizinho que era muito rico e que era comerciante, vendia farinhas e, por umas quantas vezes vendeu-lhe farinha fiada. Mas chegou a um ponto em que disse que já não lhe dava mais e ele via os filhos com fome e pensou em ir correr mundo para ver se havia uma vida melhor para dar aos filhos dele. E abalou. E ele era cego. A mulher ficou com os filhos e ele lá abalou. Assim que se fez de noite, como era cego, subiu para cima de uma árvore. Por essa noite afora apareceram três fadas e puseram-se a conversar debaixo da árvore. E uma disse:
– A rainha de tal terra está cega. Se ela esfregasse um raminho desta árvore pela vista começava a ver.
E outra disse:
– Ôh! Atão e a princesa lá daquele palácio que tem estado tão doente! ... Mas não sabem que está um sapo dentro da tina do azeite…. Se eles tirassem de lá o sapo, o matassem, e o pusessem no fumeiro, à medida que ele ia secando a menina punha-se boa.
E a outra disse:
– E naquela terra, lá do outro lado, anda tudo com uma falta de água, os bichos a morrerem à sede… E à parte de cima da povoação está um grande seixo. Se dessem lá com uma maceta duas ou três vezes, a água corria por ali abaixo e era uma fartura de água para todos. Ele estava a ouvir, continuou muito caladinho e elas foram-se embora. Mal elas abalaram, ele passou logo com um raminho da árvore pela vista e começou a ver. Assim que amanheceu abalou e dirigiu-se a essas três povoações: Primeiro foi àquela onde a princesa disse que estava muito doente e disse que era capaz de curar a princesa. Eles não o queriam deixar entrar mas depois, assim que disseram ao rei que ele dizia que era capaz de curar a princesa, o rei disse que entrasse, mas se fosse mentira que o mandava matar. Ele disse que não era mentira e disse que dentro da tina do azeite estava um sapo. Se o matassem e o pusessem ao fumeiro, à medida que ele fosse secando ela ia melhorando. Eles foram à tina do azeite e lá estava o sapo. Conforme fizeram aquilo, a princesa ia melhorando de dia para dia. Depois ele foi-se embora. Mas eles ficaram tão contentes que lhe deram um saco de dinheiro e arranjaram-lhe uma carroça puxada por um cavalo, para ele levar. Ele seguiu mais para diante e foi àquela terra onde andava tudo cheio de sede. Chegou lá, disse que precisava de uma maceta. Havia quem tivesse. Assim que ele dá ali duas ou três marteladas no seixo, aquilo correu um torno de água que foi uma fartura para todos. Bom, outra vez a população muito contente, mais uma mãcheia de dinheiro lhe deram e lhe agradeceram, não sabiam como lhe agradecer, de tão contentes que ficaram.
Foi mais para diante à outra terra onde estava a tal princesa que não via. Ele lá levava um ramo daquela árvore. Mandou-a à mesma chamar e disse que era capaz de curar a princesa, que ela havia de começar a ver, e deixaram-no entrar. Ele lá lhe disse para ela passar três vezes com aquele raminho pela vista, que havia de começar a ver e o mesmo aconteceu: ela curada da vista e lá lhe deram mais um saco de dinheiro. Ora, ele muito contente porque via os filhos com tanta miséria e a casa com tanta miséria… regressou a casa.
Depois foi lá à daquele comerciante a comprar fartura de farinha, arranjaram a casa, arranjaram outras condições ao filho dele e muito satisfeito ficou pois tinha muita fartura para dar aos filhos…. O outro comerciante tinha muito mas ainda estava com inveja, queria ter mais do que o que tinha e disse-lhe que o fosse levar onde ele tinha arranjado a fortuna dele. Ele disse lhe que estava bem. Foi e disse:
– Olhe onde eu arranjei a minha fortuna foi em cima desta árvore.
Lá chegaram à mesma ao anoitecer. Ele voltou para casa e o vizinho ficou lá em cima da árvore. Por essa noite afora apareceram as três fadas e disseram:
– Naquela noite que a gente esteve aqui a conversar tinha que estar alguém a ouvir porque tudo o que a gente aqui falou foi o que fizeram, que aconteceu. E então tinha que estar alguém a ouvir.
Olham para cima, vêem aquele lá. Descobrem-no lá, fazem-no cair p’ra baixo e matam-no.
Ele era muito ambicioso e de tanta ambição que tinha acaba por perder tudo. Tinha muito mas ainda queria muito mais. Como viu o outro…. É assim o final desta história.
Informante: Susete Vargas, Vale do Poço (Serpa)
Recolhido em Novembro de 2007
– A rainha de tal terra está cega. Se ela esfregasse um raminho desta árvore pela vista começava a ver.
E outra disse:
– Ôh! Atão e a princesa lá daquele palácio que tem estado tão doente! ... Mas não sabem que está um sapo dentro da tina do azeite…. Se eles tirassem de lá o sapo, o matassem, e o pusessem no fumeiro, à medida que ele ia secando a menina punha-se boa.
E a outra disse:
– E naquela terra, lá do outro lado, anda tudo com uma falta de água, os bichos a morrerem à sede… E à parte de cima da povoação está um grande seixo. Se dessem lá com uma maceta duas ou três vezes, a água corria por ali abaixo e era uma fartura de água para todos. Ele estava a ouvir, continuou muito caladinho e elas foram-se embora. Mal elas abalaram, ele passou logo com um raminho da árvore pela vista e começou a ver. Assim que amanheceu abalou e dirigiu-se a essas três povoações: Primeiro foi àquela onde a princesa disse que estava muito doente e disse que era capaz de curar a princesa. Eles não o queriam deixar entrar mas depois, assim que disseram ao rei que ele dizia que era capaz de curar a princesa, o rei disse que entrasse, mas se fosse mentira que o mandava matar. Ele disse que não era mentira e disse que dentro da tina do azeite estava um sapo. Se o matassem e o pusessem ao fumeiro, à medida que ele fosse secando ela ia melhorando. Eles foram à tina do azeite e lá estava o sapo. Conforme fizeram aquilo, a princesa ia melhorando de dia para dia. Depois ele foi-se embora. Mas eles ficaram tão contentes que lhe deram um saco de dinheiro e arranjaram-lhe uma carroça puxada por um cavalo, para ele levar. Ele seguiu mais para diante e foi àquela terra onde andava tudo cheio de sede. Chegou lá, disse que precisava de uma maceta. Havia quem tivesse. Assim que ele dá ali duas ou três marteladas no seixo, aquilo correu um torno de água que foi uma fartura para todos. Bom, outra vez a população muito contente, mais uma mãcheia de dinheiro lhe deram e lhe agradeceram, não sabiam como lhe agradecer, de tão contentes que ficaram.
Foi mais para diante à outra terra onde estava a tal princesa que não via. Ele lá levava um ramo daquela árvore. Mandou-a à mesma chamar e disse que era capaz de curar a princesa, que ela havia de começar a ver, e deixaram-no entrar. Ele lá lhe disse para ela passar três vezes com aquele raminho pela vista, que havia de começar a ver e o mesmo aconteceu: ela curada da vista e lá lhe deram mais um saco de dinheiro. Ora, ele muito contente porque via os filhos com tanta miséria e a casa com tanta miséria… regressou a casa.
Depois foi lá à daquele comerciante a comprar fartura de farinha, arranjaram a casa, arranjaram outras condições ao filho dele e muito satisfeito ficou pois tinha muita fartura para dar aos filhos…. O outro comerciante tinha muito mas ainda estava com inveja, queria ter mais do que o que tinha e disse-lhe que o fosse levar onde ele tinha arranjado a fortuna dele. Ele disse lhe que estava bem. Foi e disse:
– Olhe onde eu arranjei a minha fortuna foi em cima desta árvore.
Lá chegaram à mesma ao anoitecer. Ele voltou para casa e o vizinho ficou lá em cima da árvore. Por essa noite afora apareceram as três fadas e disseram:
– Naquela noite que a gente esteve aqui a conversar tinha que estar alguém a ouvir porque tudo o que a gente aqui falou foi o que fizeram, que aconteceu. E então tinha que estar alguém a ouvir.
Olham para cima, vêem aquele lá. Descobrem-no lá, fazem-no cair p’ra baixo e matam-no.
Ele era muito ambicioso e de tanta ambição que tinha acaba por perder tudo. Tinha muito mas ainda queria muito mais. Como viu o outro…. É assim o final desta história.
Informante: Susete Vargas, Vale do Poço (Serpa)
Recolhido em Novembro de 2007
e muito grande
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