segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

CONTO | O PRÍNCIPE E O LIMÃO


Era uma vez um príncipe. Quando chegou à idade de casar, o rei, seu pai, mandou apregoar por todo o reino que todas as raparigas em idade de casar se deveriam apresentar no palácio para que o príncipe pudesse escolher.
Vieram de todo o reino e de fora dele, princesas e condessas, raparigas de todas as condições. Mas nenhuma foi escolhida. Até que a filha de um vassalo do rei, sem que seu pai soubesse, decidiu ir também à presença do príncipe. E como era muito bonita, muito engraçadinha, foi ela a escolhida. E tendo sido escolhida ficou a viver no palácio. Mas o seu pai não sabia, nem o pai nem a mãe.
Depois da escolha do príncipe, as outras pretendentes foram mandadas embora e o príncipe, com a convivência, começou a gostar cada vez mais da rapariga, de tal modo que esta, preocupada pelo facto de nem o pai nem a mãe saberem onde estava, pensou numa maneira de se ir embora.
Um dia, estavam num salão e havia um jardim com limoeiros. E a filha do vassalo disse ao príncipe que ia ao jardim buscar um limão. Foi mas já não voltou. [E regressou a casa dos pais.]
O príncipe adoeceu e ficou na cama doente e só dizia “ limão, limão”. E o vassalo do rei, quando chegava a casa dizia à mulher e à filha:
— Sabem, o príncipe está muito doente. Está de cama, não fala e só o que diz é “limão, limão”. Está muito doente, vêm médicos de todo o mundo e não o curam, não sabem o que é que ele tem…
Até que um dia a rapariga disse ao pai:
– Eu sei o que é que ele tem. Quem o vai curar sou eu!
– Não me digas isso, que eu ainda perco o trabalho.
E a filha do vassalo lá foi ao palácio. Quando lá chegou, toda a gente sabia ao que ela ia e deixaram-na entrar. Então, quando chegou ao quarto lá estava o príncipe a dizer “limão, limão” e toda a gente a olhar e ela pôs-lhe a mão em cima da mão dele e quando ele repetiu mais uma vez “limão, limão”, ela disse-lhe:
– Fechasse-lhe a porta tivesse-lhe mão.
E o príncipe curou-se logo, porque a reconheceu e viveram felizes para sempre.
Ainda a esta hora lá estarão comendo pão com melão.

Informante: Ana José Gonçalves Rações, Serpa
Recolhido em Outubro de 2007
António Lopes, Cláudia Machado)

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