segunda-feira, 7 de junho de 2010

A HORA DO CONTO

Susete Vargas

Francisca Calvinho

A biblioteca da escola promove, quinzenalmente, desde o ano lectivo de 2008/2009 o espaço de narração oral tradicional, a “Hora do Conto”, dinamizado pelo professor António Lopes, a quem, este ano lectivo se juntou a professora Teresa Caldeira.
A “Hora do Conto” pretende dar um contributo real para que os nossos alunos cresçam em conformidade com as referências culturais da nossa terra, e pretende contribuir para manter vivo o conto popular da tradição oral.
A par da participação dos docentes como contadores de histórias, tem também sido possível trazer regularmente ao convívio com uma plateia de alunos, sempre muito interessados, alguns contadores tradicionais, dos poucos que ainda se encontram por cá, com o repertório que ainda lhes resta: Susete Vargas, de Vale do Poço e Francisca Calvinho, de Vila Verde de Ficalho, estando a participação desta última integrada na Semana da Leitura. Estas contadoras deliciaram a assistência, constituída por alunos dos 2º e 3º ciclos, e respectivos professores.

Fomos encontrá-los por indicação de alunos, de colegas, ou outros elementos da comunidade educativa, na sua casa, na aldeia, na vila, outros no seu recôndito monte alentejano. Ainda há quem conte. Diminuídos estão os repertórios já que a prática de contar se foi perdendo. Mas a memória privilegiada destes artesãos ainda guarda algumas pérolas que nos foi dado poder ouvir no seu ambiente próprio: a casa do contador. Foi na sequência desta actividade de recolha, inserida na actividade cultural da biblioteca da escola, e no projecto “Contos d’Aqui”, que surgiu o espaço Hora do Conto.
A magia da palavra, as viagens aos medos por vencer, ao encanto dos heróis, e ao tempo do onírico ou do riso, é já uma actividade de referência do Agrupamento de Escolas de Serpa.

PROVÉRBIOS

Entre muitos dos provérbios existentes na nossa sociedade, refiro um dos que mais gosto: “Devagar se vai ao longe”. Na minha opinião este provérbio é muito interessante e, realmente, é verdade. Quando ouvimos este provérbio, falo por mim, relembro-me, de imediato, da história da tartaruga e do coelho, tendo este proposto uma corrida à “pobre coitada” convencido de que iria ganhar por ser mais rápido do que a tartaruga. Com o pacto de que se ela ganhasse, o coelho a deixaria em paz para sempre e não gozaria mais com ela por ser lenta. Então, assim foi: começou a corrida e o coelho todo feliz e alegre, começou por ir devagar. Passado algum tempo, quando este quase que chega à meta, viu que a tartaruga ainda vinha muito longe, e decidiu descansar e dormir encostado a uma árvore. Deixou que o sono se “apoderasse” do seu cansaço e quando acordou reparou que a sua “amiga” tartaruga já estava prestes a chegar à meta. Ainda tentou correr, mas quando lá chegou, a tartaruga já tinha ganho. Ficou triste por ter perdido a corrida e, desapontado consigo próprio, por ter adormecido. Com esta história, eu concluí que se nós fizermos as coisas com calma, nunca perdendo a esperança e não sendo convencidos, poderemos ir muito mais longe do que aquilo que julgamos ser capazes, ou seja, neste caso havia situações bastante diferentes: a tartaruga que andava muito lentamente e o coelho que era bastante rápido.

Vou também fazer alusão a outro conto “O Sal e a Água”, onde havia um Rei que tinha três filhas. Uma delas foi expulsa pelo seu pai, pois ouviu dizer que ela não gostava dele. Com isto, a filha realizou um banquete onde convidou o seu pai e irmãs deixando, propositadamente, a comida sem sal para demonstrar ao seu próprio pai o quanto gostava dele, ou seja, como a comida necessita de sal, assim a filha gosta muitíssimo do seu pai.

Sofia Elisário, 9.º B

LITERATURA ORAL TRADICIONAL

A literatura oral tradicional pode ser considerada um género de literatura ou não, pois trata-se de contos, dizeres, anedotas (entre outros) passados de geração em geração, por via oral. Geralmente, quando se pensa em literatura, vêm-nos à mente grandes narrativas, obras do género dramático ou poesia, mas a literatura oral tradicional é o género que liga a população e as diferentes gerações e o que em tempos era a maneira de desenvolver a língua.
Das características da literatura oral tradicional, talvez a mais importante seja que todos os contos têm um carácter lúdico mas, ao mesmo tempo, educativo. Nos textos tradicionais há sempre uma lição de moral transmitida, muitas vezes, por textos ou dizeres divertidos e muito estereotipados. Por exemplo, na história do Capuchinho Vermelho, o lobo mau representa os homens que queriam violar as meninas nas aldeias (simbolizadas pela Capuchinho Vermelho). A literatura oral tradicional, como o nome indica, é passada de boca em boca, de avós para netos, de pais para filhos, etc., e antigamente era uma forma de as pessoas se divertirem.
A literatura oral tradicional pode tomar vários géneros: a anedota, o conto, a adivinha, o provérbio, a lenda, entre outros. Na anedota, na adivinha e no provérbio, a extensão do texto é reduzida, mas sendo dita de uma forma simples tem grande impacto.
Hoje em dia, a maneira de aprender valores e desenvolver a língua é indo à escola, mas na infância os pais ainda contam aos filhos “histórias de embalar” que são, muitas vezes, contos tradicionais. Na minha opinião, devia ser mais cultivado o hábito de contar contos e lendas às crianças, pois essa seria uma boa maneira de lhes desenvolver naturalmente a imaginação e dar noções de valores, sem ter de recorrer a videojogos, por exemplo. A literatura oral tradicional é, a bem dizer, um legado da cultura do nosso país – não será essa uma boa razão para preservá-lo?
Um dos provérbios mais conhecidos é: “Quem tudo quer, tudo perde”. Gosto desse provérbio, pois transmite um ensinamento importante. Este ditado mostra que a cobiça não é solução e que, quando o Homem se deixa levar, acaba magoado. O feitiço vira-se contra o feiticeiro!

Joana Almeida, 9.º B